segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Negligência (e o mosquito) podem formar uma geração de aleijados


É forte falar "aleijados", mas enquanto não se falar com firmeza e abrir os olhos de quem deve abrir, teremos aleijados. Uma parcela de brasileiros vai nascer e crescer com microcefalia. Se crescer. A má formação do cérebro afeta o desenvolvimento da criança, como a fala e a coordenação motora. Isso pode acontecer devido a negligência ao combate do mosquito Aedes Aegypti, o maior serial killer do Brasil.

É bem claro que a população prefere remediar, ao invés de prevenir. E quem gosta dessa negligência e lentidão é o Aedes Aegypti, que se multiplica insanamente e que entra ano, sai ano arrasta multidões para postos de saúde e hospitais do país inteiro. No começo do século 20, o Brasil sofreu um grande surto de febre amarela. O mosquito foi combatido duramente e ficou por anos sem agir. Mas ele voltou. E voltou com tudo.

Além da dengue, o Aedes Aegypti também transmite a febre chikungunya. Mais recentemente, o vírus zika foi identificado e associado ao mosquito. O agravante desse vírus é sua relação com a microcefalia, ou má formação do cérebro. 

O mesmo mosquito transmitindo três doenças diferentes. Só por causa da dengue, morreram 693 pessoas de janeiro a outubro desse ano. De chikungunya são mais de 12 mil casos só em 2015. O vírus zika tem chamado bastante atenção por causa do provável perigo que representa aos fetos e tem registros mais aparentes no Nordeste.

O que causa desgosto, mas não surpresa, é a nossa demora em reagir. Quando digo nossa, eu me considero parte da população. Quando digo população, significa que o maior dever de prevenir a proliferação do mosquito é do povo, não apenas do governo. 

Falando em governo, já que gosta tanto de interferir na vida dos outros, deveria ter agido com poder coercivo com mais rapidez, já que a propaganda educativa não tem adiantado. Um comitê em Goiânia, incluindo vereadores da capital, discutiu nesta segunda-feira, 7 de dezembro, formas de combater o mosquito e punir sem meias palavras quem insistir em deixar água parada nos quintais e terrenos por aí. O governo federal mobilizou soldados do Exército para auxiliar agentes de saúde no combate a focos do Aedes Aegypti.

A sugestão de alguns profissionais de saúde de adiar a gravidez parece que bem realista a nosso costume: o mosquito da dengue, da chikungunya e da zika vai derrubar, deformar e matar muita gente até que aconteça isso na nossa própria casa. Aí sim veremos que a coisa é séria. Talvez seja tarde demais. 

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